2leep.com

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sonhos de um dia de inverno

(chuva) (relâmpagos) (trovões)

                 "Embora me falte uma lareira para criar um ambiente característico de "Lar doce lar", embora me falte coragem para levantar numa manhã de chuva e embora nem sempre eu me erga vitorioso perante minhas batalhas, sou da  crença que nada melhor do que o vento frio e cortante para me colocar de volta no eixo certo. Eu fico estático, sentindo o gotejar em minha face, respirando e comparando a amplitude do universo à amplitude da alma humana. Coloco um do lado do outro, e vejo que nossas diferenças são, vistas de outro ângulo, nossas maiores semelhanças, somos vulcões, explodimos em ira, somos profundos iguais a um oceano, podemos ser cheios de vida, podemos nos tornar mórbidos iguais ao gelo.
Escuto cada gotejar, escuto o silvo das folhas sendo cortadas pela impetuosa ventania, e percebo que nesse mundo de adversidades somos todos um só. Tal e qual Werther, me dou conta de que o desentendimento, e a ignorância fazem mais mal ao mundo do que o "mal" em sua total essência. E me dou conta de que não há maldade e nem bondade, percebo que há pontos de vista, que nos levam a julgar, ação após ação. Seriam então todas as nossas lutas vagas de sentido? Ao menos paramos, em meio a chuva, e nos perguntamos aonde estamos? Ou quem somos? Ou oque faremos?
            Nossas respostas não devem partir do nosso princípio de bem e mal. Nossas respostas devem surgir latejantes após uma análise dos dois horizontes, os dois lados da moeda. Quando paramos em meio à chuva e nos damos conta de que cada um de nós está no controle, o bem e o mal passam a não fazer diferença, não seria preciso criá-los. Estaríamos, por fim, "Além do bem e do mal", igual ao pensamento de Nietzsche. Teríamos superado a nossa própria essência, o nosso "ser" estaria ultrapassado perante tal concepção. 
            Porém, todos nós somos humanos. Justamente erramos por não haver o lado certo, sequer o errado, mas assim o qualificamos. Somos todos demasiadamente humanos. Precisaríamos nos reinventar, nos converter em cinzas para renascer do nosso próprio pó, é disso que precisamos. Parar na chuva às vezes."


Nesse momento, em meio a chuva, acordo dos meus devaneios e continuo a viagem.

Nenhum comentário: