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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Amantes no campo.

       
        Um dia, deitei-me sobre a grama de outono, já um tanto amarela, e recostei a cabeça próximo a uma mísera raiz de uma imensa árvore, que parecia crescer os seus galhos para cima e para os lados, formando uma esplendorosa copa que proporcionava tamanha fonte de sombra e ar fresco que imediatamente  me afoguei em densos devaneios.  Eu nada ouvia naquele inerte local, e sequer sentia alguma coisa senão uma  fadiga imensa. Passado algum tempo, que confesso jamais poderei relembrar se foram horas ou minutos, abri meus olhos.


         Sentei e olhei ao redor, notei que havia deitado ao pé de uma árvore, e mantinha a cabeça encostada numa de suas raízes, notei  a grama seca a minha volta e, de espanto deitei-me novamente. Foi quando olhei para cima e vi um mar de folhas laranjas e amarelas, balançando à disposição da brisa. Passei então a ouvir o canto próximo dos pássaros e a sentir o vento correr pelo meu corpo. Percebi  que eu fazia parte de tudo isso, e que eu poderia contemplar essa harmoniosa vida, percebi que poderia dispor tudo numa ordem e, que com uma única palavra dava sentido à tudo isso. Naquela amistosa tarde, descobri o amor, e senti  aquilo que ele podeira me oferecer. Respirei fundo, deixando a vida correr em meus pulmões, voltei a ser criança e corri colina abaixo entrando num bosque estreito, mas não tive medo, pois a cada passo um novo mundo despertava bem a frente de meus olhos. Anoitecia, e em cada folha, e em cada gota de orvalho...eu via os olhos dela,  eles sorriam pra mim. Convidando meus passos para a eternidade.

Nota: devo homenagear Gustave Coubert, pela imagem acima. O título dessa postagem também faz reverência a ela.

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