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domingo, 30 de outubro de 2011

Das cinzas

Às cinzas


Dorme, quieto, no silêncio
disfarçando o fogo.
Enquanto esse amor me consome.



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O futuro

"Porque tudo em nossa vida é um clico, e embora os acontecimentos não se repitam,  os meios para novas ideias estão sempre lá."

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Amantes no campo.

       
        Um dia, deitei-me sobre a grama de outono, já um tanto amarela, e recostei a cabeça próximo a uma mísera raiz de uma imensa árvore, que parecia crescer os seus galhos para cima e para os lados, formando uma esplendorosa copa que proporcionava tamanha fonte de sombra e ar fresco que imediatamente  me afoguei em densos devaneios.  Eu nada ouvia naquele inerte local, e sequer sentia alguma coisa senão uma  fadiga imensa. Passado algum tempo, que confesso jamais poderei relembrar se foram horas ou minutos, abri meus olhos.


         Sentei e olhei ao redor, notei que havia deitado ao pé de uma árvore, e mantinha a cabeça encostada numa de suas raízes, notei  a grama seca a minha volta e, de espanto deitei-me novamente. Foi quando olhei para cima e vi um mar de folhas laranjas e amarelas, balançando à disposição da brisa. Passei então a ouvir o canto próximo dos pássaros e a sentir o vento correr pelo meu corpo. Percebi  que eu fazia parte de tudo isso, e que eu poderia contemplar essa harmoniosa vida, percebi que poderia dispor tudo numa ordem e, que com uma única palavra dava sentido à tudo isso. Naquela amistosa tarde, descobri o amor, e senti  aquilo que ele podeira me oferecer. Respirei fundo, deixando a vida correr em meus pulmões, voltei a ser criança e corri colina abaixo entrando num bosque estreito, mas não tive medo, pois a cada passo um novo mundo despertava bem a frente de meus olhos. Anoitecia, e em cada folha, e em cada gota de orvalho...eu via os olhos dela,  eles sorriam pra mim. Convidando meus passos para a eternidade.

Nota: devo homenagear Gustave Coubert, pela imagem acima. O título dessa postagem também faz reverência a ela.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sonhos de um dia de inverno

(chuva) (relâmpagos) (trovões)

                 "Embora me falte uma lareira para criar um ambiente característico de "Lar doce lar", embora me falte coragem para levantar numa manhã de chuva e embora nem sempre eu me erga vitorioso perante minhas batalhas, sou da  crença que nada melhor do que o vento frio e cortante para me colocar de volta no eixo certo. Eu fico estático, sentindo o gotejar em minha face, respirando e comparando a amplitude do universo à amplitude da alma humana. Coloco um do lado do outro, e vejo que nossas diferenças são, vistas de outro ângulo, nossas maiores semelhanças, somos vulcões, explodimos em ira, somos profundos iguais a um oceano, podemos ser cheios de vida, podemos nos tornar mórbidos iguais ao gelo.
Escuto cada gotejar, escuto o silvo das folhas sendo cortadas pela impetuosa ventania, e percebo que nesse mundo de adversidades somos todos um só. Tal e qual Werther, me dou conta de que o desentendimento, e a ignorância fazem mais mal ao mundo do que o "mal" em sua total essência. E me dou conta de que não há maldade e nem bondade, percebo que há pontos de vista, que nos levam a julgar, ação após ação. Seriam então todas as nossas lutas vagas de sentido? Ao menos paramos, em meio a chuva, e nos perguntamos aonde estamos? Ou quem somos? Ou oque faremos?
            Nossas respostas não devem partir do nosso princípio de bem e mal. Nossas respostas devem surgir latejantes após uma análise dos dois horizontes, os dois lados da moeda. Quando paramos em meio à chuva e nos damos conta de que cada um de nós está no controle, o bem e o mal passam a não fazer diferença, não seria preciso criá-los. Estaríamos, por fim, "Além do bem e do mal", igual ao pensamento de Nietzsche. Teríamos superado a nossa própria essência, o nosso "ser" estaria ultrapassado perante tal concepção. 
            Porém, todos nós somos humanos. Justamente erramos por não haver o lado certo, sequer o errado, mas assim o qualificamos. Somos todos demasiadamente humanos. Precisaríamos nos reinventar, nos converter em cinzas para renascer do nosso próprio pó, é disso que precisamos. Parar na chuva às vezes."


Nesse momento, em meio a chuva, acordo dos meus devaneios e continuo a viagem.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Um blog para falar sobre a vida...

            Enquanto no colégio, ele disse - Qual a essência da vida?- e me olhou como se eu soubesse a resposta. Eu não sabia. Ele disse - Não estou apenas te perguntando, estou te convidando a pensar junto comigo, qual a essência da vida?
- Da vida humana?- eu disse.
- Não somos os únicos seres com vida no nosso planeta, é claro que não. A vida está muito além dos seres vivos. Mas qual será a sua essência?
-Talvez a engenhosidade, a flexibilidade da vida a transformem em algo natural, tal o ar que respiramos, tal a água que bebemos, natural, é pra mim a essência da vida- eu disse.
-Isso! Esse é o caminho, "flexibilidade" a habilidade de não se impor contra o ambiente, mas de se moldar conforme as suas especificações, a flexibilidade de se mostrar vivo a cada erosão vulcânica, a engenhosidade de responder às perguntas.
-Então é essa a essência da vida? O poder de adaptação?-eu disse. Ele respondeu - Não só a adaptação, mas o poder em si, todo ele. É essa a fonte da criação; o poder de dar o passo seguinte, sem segurança em relação ao futuro, sem escolta, mas dar o passo, não de qualquer jeito, com elegância, o passo inteligente, em  direção ao...
- Ao infinito- concluí, e continuei- a vida em si é a maior prova de glória já concebida, nossa vida é a maior vitória que o mundo já viu! Aquele que deseja ser vitorioso na sua amplitude, deve seguir a essência da própria vida, a vitória! Não se trata de uma competição, deixe de ser se você for competitivo, se trata de escolher o pior caminho...
Então ele começou- Estou caminhando numa estrada, uma estrada que mostra o caminho para todas as minhas escolhas na vida, passo por tudo que já fiz, e tenho a oportunidade de ver aquilo que ainda farei, num determinado ponto me deparo com uma bifurcação, a da direita é bela, pavimentada, com altas árvores frutíferas, todas belíssimas, esse lado exala um odor de alegria. O caminho esquerdo se trata de uma rua esguia, esburacada, com altas árvores secas, com o chão rachado pelo sol quente de um deserto infernal, mas esse caminho exala o cheiro da paz, e apesar de sua aparência, é por ele que eu vou. Pois para um homem conhecer completamente a paz, é extremamente necessário que ele também conheça a guerra, para sentir sono é necessário estar acordado, através de caminhos ásperos, tortuosos, e repleto de desafios, este homem encontrará a paz de espírito, e sentirá a glória e a honra de toda a vida correr em suas veias.
                                Silêncio/Contemplação 





-Os homens devem alcançar as estrelas- eu disse
- Per aspera ad astra, é a essência da vida, carpe diem- ele completou.





"Se todas as coisas boas durassem para sempre, você saberia como são importantes?"


Calvin e Haroldo




Na foto, no centro, ao fundo, formação de poeira cósmica muito famosa no meio científico, conhecida como "Os Pilares da Criação". A vida e suas formas são tão distintas e belas, que os pilares da criação foram destruídos à cerca de seis mil anos, só poderemos deixar de fotografá-lo no próximo milênio, vede amigos, há vida .