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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Primogênito de Balder

Eis que nas entranhas das lendas uma - não de menor importância do que outras - foi apagada pelo lento sopro dos ventos.
Esta é a história de Oleifr, filho de Balder, o Belo e Wellhilde, a Ninfa.



Numa vez, em que Balder cavalgava junto às margens do Dnieper, e ao pôr do sol senta-se para descansar, de súbito ele escuta uma doce e delicada voz, vinda de profundezas ínfimas e escuras, num balbuciar de encantos e sonhos ao qual mortal algum jamais ouviu, com exceção é claro, daqueles que por Ela foram confinados. Eis que em meio ao canto surge formando pequenas ondas naquele leito de água doce, a bela e encantadora boca que profetiza suas canções. Com longos cabelos rubros e pele alva. Após romper-se em sentimentos, o jovem Balder levanta-se de teu leito e finda os olhos na face da tal bela criatura marítima dizendo-lhe – Aproxima-te, ninfa.
 E com tal beleza proclamou o dito, que foi juntar-se à beira do Rio, pois não é possível que ela visse em Balder um intruso, logo que tua face não merece insulto igual.
– Dizei-me teu nome, eu vos peço- disse Balder, educado que era. Mas não houve resposta, pois os olhos da ninfa pareciam afundar em profundos pensamentos, tão profundos quanto o Rio sobre o qual andava. Um passo foi dado pela ninfa em direção a grama, e tão silencioso era o local que Balder pudera ouvir a grama contraindo-se, se pelo menos deixasse de julgar estar sonhando. E em um rápido e instintivo instante Balder encontra os lábios da doce Wellhilde e então desperta chamas em seu coração, antes feito de cinzas. Balder não compreende e creio que como os velhos skáld diziam “ninguém pode compreender” o motivo da queda de Balder ao chão de Midgard, ele caiu e com certeza quem quer que tenha visto teve de rir, menos Wellhilde, pois ela o amou.
Wellhilde pousou nos braços de Balder no último resplandecer do Sol intruso, que há muito os observava, atrasando até a sua ida. Naquele fervor romântico, sob as luzes de Asgard, Wellhilde cedeu à Balder seu magnífico corpo jovem e como resultado do deleite de ambos nasce Oleifr, cujos olhos lhe é tomado pelos primeiros raios de sol do dia em que nascera. Wellhilde, um tanto atrás abandonara seus ofícios de Ninfa, deixando de proteger suas águas, pois no dia em que Oleifr viera à Midgard, Wellhilde estava submersa e com fins de salvar a vida de seu primogênito ela ergue-se um tanto sobre as águas e recosta-se sobre o chão, mas Oleifr nasce morto e junto leva a sua mãe. Indignado com o terrível destino que as Nornas haviam preparado para seu filho, Balder em lágrimas busca consolo no colo de sua mãe Frigga que decide intervir em favor do filho e não do destino.
Pois Frigga enrola o cadáver de Oleifr em seu grande tear de nuvens e escondido de todos os Aesires, - inclusive de Nanna a esposa de Balder- ela lança aos céus o jovem neto, este torna-se nuvem e por muito tempo ele voou  nos céus de Midgard, escondido como divindade e esquecido por seu pai.
Pois chegará a hora, em que velhos problemas retornarão em busca de soluções.
Logo Oleifr retornará para o Crepúsculo dos Deuses.



Texto de Rodrigo Normando

O meu fascínio pela mitologia nórdica é um marco na minha existência... nunca deixarei de admirar a força dos mitos...

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