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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O Andarilho

Vagava eu, pela noite escura qual breu
Remoendo dolorosos pensamentos
E, em nefastos instantes
Perante a lua brilhante
Notava apenas o semblante
De um passado que me esqueceu


Ora, quisera eu abandoná-lo completamente
Juntar de mim as partes soltas
Para que no próximo verão eu não lamente
Ou sequer sofra tais dores tolas


Vagava eu, por ermas e solitárias paisagens
Quando o brilho da lua fugiu de meu alento
E o sopro da noite tocava sinistros acordes
Tão fortes como um coral de mil vozes
Arrancando de meu peito o último contentamento
E encontrei-me só, após sombrias viagens

Pois, sob uma árvore divaguei o passo
Visto que ela, antecipando o abraço
Logo quando pus-me a devanear no espaço
Eis que ela chora, gotas de orvalho

Enfim, quando a lua por trás das nuvens escureceu a noite
E senti na pele o arrepio de um solene açoite
Ah, ajoelhei-me perante o velho carvalho
Perdoando as dores que me atormentavam
E dos meus olhos pingavam...
Gotas de orvalho.

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